quarta-feira, 14 de março de 2007

Sustentabilidade Liquefeita

O desafio da sustentabiliade passa essencialmente pelas pessoas. Ao contrário do que muitos especialistas crêem, não aposto todas as minhas fichas de sobrevivência na tecnologia. Nos MDL estão sm dúvida várias alternativas, mas não as encaro como suficientes. Não creio ser possível fazer este país crescer sem pensar na necesidade de nos preparamos para a mudança concreta de hábitos atitudes pessoais com relação a questão ambiental. Por isso estas letras. Desejo ver um dia o Ministro do Planejamento, ou o presidente do Banco Central, fazerem pronuciamentos em cadeia nacional, solicitando às pessoas mais prudência no trato com a água, por exemplo. Desejo ver como manchete uma reunião interministerial entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Fazenda, onde cordialmente, discutam propostas para o Ministério da Integração Nacional, propondo argumento técnicos contra a transposição do Velho Chico.
Bem, manifesto estes desejos apenas para exemplificar o quanto parace dificil o caminho da mudança, o quanto temos que mudar como pessoas para dar conta do desafio ambiental. Será que estas pessoas, autoridades de todos os escalões, estão dispostas a estas mudanças? Analisado a questão, imeditamete penso que a perspectiva ambiental nos trouxe a necessidade de refletirmos sobre valores. Valores pessoais: ganância, arrogância, prepotência, vaidade, etc. Aí neste bojo surge outra questão: como pensar na sustentabilidade global sem uma mudança interna profunda. Parafraseando Aldo Leopoldo, grande ambientalista norte americano, não há ecologia para fora que não venha de dentro.
No caso brasileiro penso que nossa mudança deve ser ainda mais radical, somos um país arraigado a estruturas de pensamento profundamente preconceituosas, racistas, ainda preso as suas oligarquias e elites que continuam a ter acesso privilegiado à informação, à formação, portanto à escola e à universidade e etc. No entanto, a sustentabilidade repousa em aprendermos a ouvir, ver e sentir, experências há muito, gestadas no seio de nosso povo, logo o povo mais simples, mais humilde e mais excluído e desacreditado: povos tradicionais, jangadeiros, caiçaras, quilombolas; povos indígenas, comunidades periféricas, etc. Todas esta gentes, têm, em geral, muitas experiências de sustentabilidade, de relação harmônica com a natureza. Os Guarani Mby'a por exemplo, que tenho o privilégio de conhecer, conviver e ter amigos, conhecem tudo de agroecologia, de meteorologia, de como aproveitar a Mata Atlântia como moradia.
Nestes tempos, estas informações nos são deveras úteis, mas estaremos preparados para ouví-las, para sentí-las?

Um comentário:

Alessandra disse...

Olá Celso, gostei dos seus artigos. Espero um dia ver o ministério do meio ambiente não como ministério ao lado de tantos outros, mas como uma secretaria superior, por onde cada assunto deva vir subordinado a ele, seria bom, não?