sábado, 24 de março de 2007

Dia da Água - Economize suas Lágrimas!

Artigo publicado hoje no JB


A água é um bem precioso que ocupa três quartos do nosso planeta e, em mesma proporção, o corpo humano. Nosso país privilegiado possui cerca de 11,6% da água doce superficial do mundo, mesmo assim cerca de 70% dela está na região amazônica e os 30% restantes estão disponíveis de forma profundamente desigual para cerca de 90% da população nacional concentrada no Sul-Sudeste. Precisamos de água para beber, para mover a indústria e a irrigação e, para nossa desolação, transformamos a água pura dos rios e lagoas em grandes esgotos a céu aberto que irão custar tempo, dinheiro e esforço para serem saneados em um futuro a perder de vista. Em poucas décadas, de recurso natural abundante, a água transformou-se em commodity, em recurso escasso com valor de mercado afetando principalmente os países pobres, mas também os ricos.Tal cenário agravou-se com a evolução da questão climática que, como resume Al Gore, criou uma “colisão colossal, sem precedentes, entre a nossa civilização e o planeta Terra”. 3,2 bilhões de pessoas enfrentarão escassez de água, diz o novo relatório do IPCC. Segundo o consultor científico do Reino Unido, Sir David King, os mapas-múndi terão que ser redesenhados pois a água dos oceanos está subindo e as geleiras derretendo. Muitos países-ilhas vão desaparecer e, no litoral brasileiro, vinte pontos serão gravemente atingidos, especialmente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e de Recife. No Dia Mundial da Água cabe alertar para o fato de que uma das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas é a dos recursos hídricos, com a alteração radical do regime de chuvas, ora sujeito a inundações, calamidades e desastres que irão atingir os pobres urbanos, ora sujeito a longos períodos de secas que transformariam o Nordeste em área desértica. Diversos rios na Amazônia estão fadados a desaparecer e parte da região vai se converter em um cerrado ralo. Da mesma forma será afetado o abastecimento de águas da região Sudeste. Este é o quadro desolador anunciado pelo Relatório Stern que será anunciado no próximo mês e ao qual nossos políticos não parecem atribuir nenhuma importância. O Plano Nacional de Recursos Hídricos, que acaba de ser elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, sequer menciona o tema que vai abalar nossas vidas nos próximos cinqüenta a cem anos. Triste do país governado por políticos desnorteados e dissociados das grandes questões que redirecionam o mundo! Nossas elites precisam ter a coragem de tomar decisões importantes e transformadoras, mudando o modelo energético e os padrões de consumo .
O atípico verão de 2007 iniciou-se com intensas chuvas, seguido de quase um mês seco e de intenso calor com belos dias ensolarados. Já paira no senso comum a percepção de que o clima mudou. A população está se dando conta do quanto a devastação ambiental afeta sua qualidade de vida. Assuntos e debates sobre temas ambientais, antes restritos aos rincões acadêmicos, hoje ganham as ruas sob a influência de uma mídia cada vez mais atenta. Muitos acreditam que a natureza está se vingando e que precisamos repensar certos hábitos cotidianos que levam ao desperdício. Estamos vivendo em um ponto de mutação a partir do qual a temática ambiental é uma questão de contabilidade e se converte, cada vez mais, em reivindicação social. No Dia da Água há pouco o que comemorar a não ser com lágrimas. A água é um recurso estratégico na nossa governabilidade. É surpreendente receber um Programa de Aceleração do Crescimento em que as metas ambientais não estão definidas nem ocupam um lugar central de destaque no planejamento do país. Como podemos ser liderança internacional em bioenergia, biocombustíveis e biotecnologia sem contabilizar o suprimento e os gastos com a água? Comemorou-se por estes dias, a retomada do agronegócio e da soja, sem medir o preço embutido da água em cada grão de soja exportado para outros países. Fala-se em transposição do Velho Chico que agoniza de sede em uma região que se desertifica. Fomenta-se a construção de grandes barragens e hidrelétricas, desperdiça-se água demais nos prédios, nas casas, nas calçadas. Os recursos naturais são interdependentes. Não podemos proteger a água sem cuidar das matas ciliares, das nascentes dos rios, e das florestas que os abrigam e os fazem crescer. Temos sede, muita sede de transformação.

Aspásia Camargo, socióloga e vereadora, professora da EBAPE, FGV e Celso Sánchez, biólogo, Professor do IAVM/UVA
Presidente da ONG BIOética
www.ongbioetica.org.br
celsosanchez@pop.com.br

8 comentários:

Anônimo disse...

É realmente muito preocupante, não sabemos até onde podemos suportar tanto desprezo das pessoas com relação ao problema da água em nosso planeta.
Fica aqui um alerta a todas as pessoas que amam viver e querem viver, sem água não há vida, então valorize a vida.
Um abraço Celso
Andréa Capello - UVA - Coordenação de Cursos

Unknown disse...

Olá querido, infelizmente as pessoas ainda não se deram conta disso. Mas acredito que isso possa mudar.

E obrigada pelo carinho e por ter colocado o link de meu blog AQUI.

Beijo grande de sua mais nova amiga.

Anônimo disse...

Com certeza mais cedo ou mais tarde a população vai se dar conta da crise ambiental, o ser humano vem batendo a séculos e nao se deu conta de que a natureza é infinitamente mais forte e ja começou a revidar...
o povo como sempre sofrerá primeiro as consequencias do descaso da nobresa, que também sofrerá um dia, pois todos somos seres humanos e necessitamos de recurssos naturais para sobreviver...
é aí que veremos que nosso estilo de vida é a prova de que não somos tão espertos assim, que o "desenvolvimentismo" terá de dar lugar ao radicalismo da preservação tão odiado por quem não quer abrir mão de um puco hoje e será obrigado a abrir mão de tudo amanhã...

Anônimo disse...

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